Berta Muñoz Cáliz
Centro de Documentación de las Artes Escénicas y de la Música
Centro de Documentación de las Artes Escénicas y de la Música
“Un teatro silenciado: el teatro para niños del exilio republicano de 1939”
Tras su salida de España, los exiliados republicanos escribieron un importante número de obras de teatro para niños, muchas de las cuales aún continúan siendo desconocidas. Algunas de ellas se estrenaron con éxito en sus países de acogida, otras se publicaron y otras, finalmente, aún siguen inéditas. En muchos casos ni siquiera hizo falta la actuación de la censura franquista para impedir que se estrenaran en España, pues en la gran mayoría de los casos las compañías teatrales desconocían su existencia. Algunas, sin embargo, llegaron a estrenarse, lo que obligó a adoptar distintas estrategias frente a la censura.
En esta ponencia se abordará de forma panorámica el teatro para niños escrito por los autores del exilio en América y en Europa: principales autores, temas abordados en sus obras y puestas en escena que se llevaron a cabo, así como el tratamiento que estas obras recibieron por parte de la censura, en los casos en que llegaron a ser presentadas.
Tras su salida de España, los exiliados republicanos escribieron un importante número de obras de teatro para niños, muchas de las cuales aún continúan siendo desconocidas. Algunas de ellas se estrenaron con éxito en sus países de acogida, otras se publicaron y otras, finalmente, aún siguen inéditas. En muchos casos ni siquiera hizo falta la actuación de la censura franquista para impedir que se estrenaran en España, pues en la gran mayoría de los casos las compañías teatrales desconocían su existencia. Algunas, sin embargo, llegaron a estrenarse, lo que obligó a adoptar distintas estrategias frente a la censura.
En esta ponencia se abordará de forma panorámica el teatro para niños escrito por los autores del exilio en América y en Europa: principales autores, temas abordados en sus obras y puestas en escena que se llevaron a cabo, así como el tratamiento que estas obras recibieron por parte de la censura, en los casos en que llegaron a ser presentadas.
Berta Muñoz Cáliz es doctora en Filología Hispánica por la Universidad de Alcalá con Premio Extraordinario de Doctorado. Trabaja en el CDAEM (Ministerio de Cultura y Deporte), donde ha publicado los volúmenes Mapa de la documentación Teatral en España y Guía de obras de referencia y consulta, dentro de la serie “Fuentes para el estudio del teatro español”. Entre sus publicaciones destacan los libros La literatura infantil y juvenil del exilio republicano de 1939 (en colaboración con Mª Victoria Sotomayor), Teatro crítico y censura, Expedientes de la censura teatral franquista, Censura y teatro del exilio y Panorama de los libros teatrales para niños y jóvenes (Premio Juan Cervera de Investigación). Recientemente ha publicado junto con Diego Santos una edición crítica de la obra teatral El solitario, de Concha Méndez. En el ámbito de la práctica escénica, ha participado como ayudante de dirección en varios montajes de Jesús Campos. Ha sido profesora en la Universidad Autónoma de Madrid y ha publicado numerosos artículos sobre teatro contemporáneo en revistas especializadas como Primer Acto, Las Puertas del Drama, ADE Teatro, ALEC, Revista de Literatura, Signa, etc.
Luís Farinha
Instituto de História Contemporânea (NOVA FCSH)
Instituto de História Contemporânea (NOVA FCSH)
"A lenda de Fátima no Milagre Segundo Salomé de José Rodrigues Miguéis. Metáfora sobre o país adiado"
José Rodrigues Miguéis saiu da Seara Nova e do País no início da década de 1930 em rutura com o idealista António Sérgio a quem acusava de lutar pela democracia com “simples exercícios espirituais”. Ora, o seu tempo exigia “…o trabalho duro da realização da democracia socialista pelo próprio povo…” e um dever social de novo tipo aos intelectuais. Ausentou-se por longo tempo e voltou ao país repetidas vezes, para nunca ficar e acabar por morrer nos EUA, mesmo depois de ter visitado o país de Abril. Viu-se sempre incapaz de viver – ao contrário do que acontecia aos seus companheiros e intelectuais no interior –, no permanente “ópio da conspiração”.
Uma parte grande da sua obra foi publicada em Portugal durante a Ditadura, sujeita ao espezinhamento da censura e às dificuldades da aceitação pública do “estrangeirado” que sempre se considerou ser no seu país. O mesmo não aconteceu com O Milagre Segundo Salomé – porventura a sua obra-prima –, escrita no espaço de mais de três décadas, entre 1932 e 1967, e só publicada em 1975. Antes de lhe dar o nome de “Milagre” chegou a dar-lhe o de “Lenda”. De que se trata? Pois da evocação histórica e ficcional do Portugal da primeira metade do séc. XX, enredado entre a herança frustrada da modernidade republicana e o augúrio da experiência farsante de um fascismo à portuguesa.
O ponto axial é “Fátima”, a suprema lenda do país adiado pelo novo sebastianismo da contemporaneidade. Nem todos receberam bem a visão crítica, por vezes sarcástica, com que vergastou, através do seu alter-ego Gabriel, as torpezas dos banqueiros ou as tibiezas e cobardias dos republicanos que abriram a porta à Ditadura fascista. Pôde ainda acompanhar, com fervor e empenho, a esperança da “democracia socialista” que se abria ao mundo no final da II Guerra Mundial. Mas também esse alvor esperançoso se lhe tornou incompreensível com o desenrolar da Guerra Fria. Sempre que voltou a Portugal (seis vezes…) foi para regressar aos Estados Unidos, desencantado com o seu país, habitado, como dizia, por “adoradores de cadáveres”. Era de esperar que não obtivesse a grande consagração em Portugal, mesmo depois da Revolução de Abril. E não teve, apesar de todo o labor e estudo de autores como Teresa Martins Marques, João Medina ou Mário Neves.
A última vez em que publicamente se discutiu (e se releu?) a sua obra O Milagre Segundo Salomé foi na altura em que Mário Barroso trouxe para a filmografia portuguesa O Milagre Segundo Salomé (2004), um filme homónimo do romance. Em má hora chegou, porque hão de correr dias, anos – porque não séculos? – antes que alguma vez se possa discutir racionalmente em Portugal o milagre de Fátima. Indiscutível para o pensamento integrista católico e não menos indiscutível para o Portugal cultural e político da pós-modernidade. Existe assim como um fogo fátuo, imposto sociologicamente pela crença persistente de uma religiosidade pagã e pelo oportunismo escandaloso das hierarquias da Igreja e do poder político democrático. É natural que não o encontremos no Plano Nacional de Leitura. Em Portugal, a (boa) ficção pode ainda continuar a ser herética.
José Rodrigues Miguéis saiu da Seara Nova e do País no início da década de 1930 em rutura com o idealista António Sérgio a quem acusava de lutar pela democracia com “simples exercícios espirituais”. Ora, o seu tempo exigia “…o trabalho duro da realização da democracia socialista pelo próprio povo…” e um dever social de novo tipo aos intelectuais. Ausentou-se por longo tempo e voltou ao país repetidas vezes, para nunca ficar e acabar por morrer nos EUA, mesmo depois de ter visitado o país de Abril. Viu-se sempre incapaz de viver – ao contrário do que acontecia aos seus companheiros e intelectuais no interior –, no permanente “ópio da conspiração”.
Uma parte grande da sua obra foi publicada em Portugal durante a Ditadura, sujeita ao espezinhamento da censura e às dificuldades da aceitação pública do “estrangeirado” que sempre se considerou ser no seu país. O mesmo não aconteceu com O Milagre Segundo Salomé – porventura a sua obra-prima –, escrita no espaço de mais de três décadas, entre 1932 e 1967, e só publicada em 1975. Antes de lhe dar o nome de “Milagre” chegou a dar-lhe o de “Lenda”. De que se trata? Pois da evocação histórica e ficcional do Portugal da primeira metade do séc. XX, enredado entre a herança frustrada da modernidade republicana e o augúrio da experiência farsante de um fascismo à portuguesa.
O ponto axial é “Fátima”, a suprema lenda do país adiado pelo novo sebastianismo da contemporaneidade. Nem todos receberam bem a visão crítica, por vezes sarcástica, com que vergastou, através do seu alter-ego Gabriel, as torpezas dos banqueiros ou as tibiezas e cobardias dos republicanos que abriram a porta à Ditadura fascista. Pôde ainda acompanhar, com fervor e empenho, a esperança da “democracia socialista” que se abria ao mundo no final da II Guerra Mundial. Mas também esse alvor esperançoso se lhe tornou incompreensível com o desenrolar da Guerra Fria. Sempre que voltou a Portugal (seis vezes…) foi para regressar aos Estados Unidos, desencantado com o seu país, habitado, como dizia, por “adoradores de cadáveres”. Era de esperar que não obtivesse a grande consagração em Portugal, mesmo depois da Revolução de Abril. E não teve, apesar de todo o labor e estudo de autores como Teresa Martins Marques, João Medina ou Mário Neves.
A última vez em que publicamente se discutiu (e se releu?) a sua obra O Milagre Segundo Salomé foi na altura em que Mário Barroso trouxe para a filmografia portuguesa O Milagre Segundo Salomé (2004), um filme homónimo do romance. Em má hora chegou, porque hão de correr dias, anos – porque não séculos? – antes que alguma vez se possa discutir racionalmente em Portugal o milagre de Fátima. Indiscutível para o pensamento integrista católico e não menos indiscutível para o Portugal cultural e político da pós-modernidade. Existe assim como um fogo fátuo, imposto sociologicamente pela crença persistente de uma religiosidade pagã e pelo oportunismo escandaloso das hierarquias da Igreja e do poder político democrático. É natural que não o encontremos no Plano Nacional de Leitura. Em Portugal, a (boa) ficção pode ainda continuar a ser herética.
Luís Farinha reparte a sua vida entre o ensino, a investigação e a disseminação da história e da cultura portuguesa contemporânea. Está agregado como investigador doutorado ao Instituto de História Contemporânea (FCSH-UNL). Dirigiu e editou a revista História (2002-2007). Foi Comissário da Exposição “Viva a República! 1910-2010” e da Exposição “Morte à Morte!” 150 Anos da Abolição da Pena de Morte, (A.R., 2017). Dirigiu o Museu do Aljube Resistência e Liberdade (2015-2020). É autor de uma obra diversa no domínio da história e da cultura. Coordena atualmente uma coleção de biografias de deputados constituintes do período democrático (A.R., 2017-2023).